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A Fonte das Mulheres

A Fonte das Mulheres

Se você é mulher, já lutou por igualdade alguma vez. Por razões pessoais ou por influência. Já o fez com ponderação ou por desforra. Então o tema não é novo e você está propensa a desistir desta leitura porque, além disso, sou homem e pressupõe que vou contrariá-la.


Mas fique um pouco, eu peço. Vou tirá-la daqui, desse tipo de desconforto, levá-la para uma aldeia ao norte da África.


Olho para você, o sangue correndo entre as pernas, o filho abortado, a água que vou beber, na canga em suas costas. Ninguém se importa. Sou um guerreiro cansado, em tempos de paz, obediente ao alcorão.


Mas quem é você? Uma estrangeira rebelde criando motim, discutindo costumes, alfabetizada. Posso trocá-la a qualquer momento, posso educá-la com pancadas, como a um filho, mantê-la oculta sob o véu, ocupada com meus desejos.

Radu Mihaileanu, diretor francês, cria este cenário fora de um contexto que tão bem conhecemos. Leva-nos à regressão, onde a mulher é a Fonte numa terra sem vida. Mas não apela para a ficção. Aceita o fato de que ela exerce poderes reais sobre ele.


Radu confina seus personagens por trinta dias nesta aldeia, para ambientá-los,e cria a antítese que nos faz perceber que não há progresso algum onde direitos básicos podem ser violentados, que máscaras de evolução não salvam a humanidade do primitivismo que se esconde sob elas.


Nesta história, a mulher simboliza o respeito à vida, é a guerreira em tempo de ócio masculino, é o vento suave, continuo, persistente, que leva o pêndulo ao equilíbrio.

É este jogo de sedução que eu proponho a quem for mulher, a quem acreditar que há um miserável inseto tentando sobreviver da inconsciência de cada um de nós.