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A professora de Piano

A professora de Piano

Será falta de coragem, o que nos condiciona ao conforto apático das poltronas reclináveis por onde observamos a vida? É preciso realmente ser pessimista para encarar que não somos esses anjos de moralidade intacta, que o grande prazer da existência não passa de acasalamentos casuais? Quem realmente optaria por nascer sem uma fração de segundo de hesitação? Os que temem a morte talvez?

De quanta hipocrisia ainda precisamos para manter nossa aparência de sanidade? Não nos permitimos o privilégio da loucura porque optamos pela racionalidade do ser social. Mas não somos potencialmente essa hipótese selvagem?

É nesse universo que Michael Haneke nos leva a refletir sobre condutas: aparências, contrastes, violência e a total incompreensão do amor. Vai nos esbofetear, fazer sangrar e ter ânsias em algum momento, mas é como nos estimula e obter respostas.

Erika nos ensina muito mais que musica erudita, alcança todos os tons inimagináveis da sensibilidade ao mesmo tempo em que encarna Medusa. É controversa e polêmica. É reprimida, racional e explora extremos da sexualidade sem entrega, com egoísmo, sem permitir-se conhecer. Basta a si mesma, mas depende do outro para submetê-lo à sua amargura.

A narrativa bastante linear não impede que Haneke nos surpreenda com inteligência. Isabelle Huppert interpreta com muita veracidade, a pedra sensível que podemos desejar ou odiar, porque muito mais fácil a ela, que a nós mesmos, qualquer censura ao desajuste.

A pergunta nunca é, se sou desajustado, mas quanto sou.