Meia Noite em Paris

Paris!!!

Quem já não esteve lá "Antes do pôr-do-sol", ou não teve o destino mudado pela inocência de "Amélie"? Certamente ninguém se esqueceu daquele "Último Tango"; sensação não sonora sobre o assoalho. Ou da efervescência dos jovens "Sonhadores".

Sim, somos íntimos desses desejos conscientes ou não de fugir à realidade presente. Mesmo que você deteste Wood Hallen, já tem um bom motivo para deixar-se conduzir por ele, pelas margens do Sena. Mas não seja resistente ao improvável, não leve sua capa de chuva ainda que chova em Paris, reflita-se sobre as calçadas como se o corpo molhado pudesse atravessá-la. Talvez assim entenda Picasso, aceite Buñuel, retire do mar o maior peixe de sua vida.

Se tudo lhe parecer igual, não desista, espere a meia noite. Não se preocupe com os sapatos, não vai perdê-los nas escadarias, tome o primeiro carro que passar.

Insisto, não resista. Deixe que o levem, não tente compreender, ainda não. Pode ser apenas uma degustação de vinhos com que tentaram te enfraquecer. Esqueça tudo que já fez e recomece, confie na loucura. Nos seus olhos, nos seus sentidos. É assim que vai sobreviver nessa história que não é sua, mas faz todo o sentido quando teu corpo tem prazeres dentro dela.

Quando amanhecer, não procure encontrá-los; teus personagens, eles virão, dos antiquários, da improvável chuva que o fez abrigar-se até então.

E Paris nunca mais será a mesma, depois de ter-se comprometido com ela e suas insanas possibilidades.