Acidentalmente estive diante de "Melancolia", um filme do diretor dinamarquês Lars Von Trier. Fosse resumi-lo em uma palavra, seria: "perturbador".
A câmera na mão faz o amadorismo ser elegante, inovador; como a loucura, o devaneio, o desequilíbrio emocional e mental, a única visão lúcida da vida.
É preciso autoridade para desconstruir. É preciso antes, ser racional, para descobrir o inevitável: a impotência diante do fatal. É preciso coragem para a loucura do desafio.
Lars lida com a depressão e a polêmica, antes de ser diretor, por isso pode transformá-las com intimidade, em instrumento de raciocínio.
Melancolia não é ficção, é a arte da comunicação usando os descaminhos.
Se você precisa de boa música, Beethoven e Wagner vão satisfazer seus sentidos. Boa fotografia e atores premiados. Se precisa de alguém para dirigir sua limusine, desista, vai ter que tomar a direção. Mas não pense que pode fazer isto o tempo todo, o planeta está em rota de colisão. Bruce Willis não vai nos salvar.
Lars também não é nosso herói. Mas se você acreditar na caverna, se tiver intimidade com qualquer região de insanidade dentro de si mesmo, será consumido pelo azul.
Ou pode simplesmente parar de pensar e se apaixonar por Kirsten Dunst, beijando-a, de cabeça para baixo, sob tua falsa identidade.
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