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O segredo dos seus olhos

O segredo dos seus olhos

Gosto particularmente de filmes em que eu fico olhando os créditos descerem, enquanto me recuso a trocar daquela dimensão, para esta. No fundo a trilha (único momento em que me concentro nela), o pensamento divagando, a tentativa de amarrar algumas pontas soltas (será mesmo?).  Automaticamente  o filme volta ao início e revejo cenas que não diziam absolutamente nada, duas horas antes.

“O segredo dos seus olhos”, dos meus, dos de qualquer um. Em princípio porque os olhos são silenciosos. O que eles – sempre – dizem é o que o outro pensa ouvir, quer ouvir. Todo esse pressuposto, porque ninguém quer ser traído pela expressão.

A história gira em torno de um assassinato violento. Não é a polícia que vai atrás do culpado, mas um advogado, que se vê tocado pela cena do crime. O criminoso vai ser descoberto na metade do filme, mas a direção é tão competente, que vai te surpreender nos instantes finais – sem clichês.

O tema do filme? A mim é o amor, ainda que em nenhuma crítica sobre ele, este seja o foco. O amor escondido sob as pálpebras, a dissimulação, o medo. Amor que se alimenta do vazio que há em todo silêncio. Amor que persiste; idealizado, fiel, até no obscuro de nós mesmos.

Entre lembranças, um homem aposentado, vai reescrever a história que marcou sua carreira. Nesse resgate, faz descobertas inesperadas, sobre amigos e sobre si mesmo. A visão autorizada de alguém que amadureceu.  Em sua velha máquina de escrever, o mecanismo defeituoso de uma letra, vai revelar que o sentido de tudo pode estar no abismo do inconsciente.

Um filme  inteligente, que não exige exercícios mirabolantes de raciocínio. Sensível sem ser piegas.  Boa fotografia, trilha sonora, atuação. Recomendo (9/10)