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Um quarto em Roma

Um quarto em Roma

Às vezes é preciso fugir da liberdade para expandir os limites entre quatro paredes. Levar para as sombras as verdades, ainda que camufladas por mentiras, ao ponto de termos dúvidas sobre quem somos ou com quem nos relacionamos.


Sempre polêmico e questionável, o diretor Julio Medem nos propõe descobrir a partir de que momento nos percebemos como indivíduos. E como de hábito não o faz em nossa zona de conforto. Coloca diante de nós o espelho, para confronto. De um lado a imagem correta e social; a que podemos doar, controlar, maquiar. Na outra face, o reflexo que não permitimos, que pulsa e retém sob a pele todo suor, nossa expressão mais íntima e dolorosa.


Limita-nos o espaço e o tempo para o orgasmo pleno e essencial, como se considerasse a vida longa demais para reflexões, quando o arrependimento já não permite que nos livremos da culpa de omissão. Mas não vai nos tirar qualquer coisa sem devolvê-la com mais conteúdo, se aceitarmos a provocação. Há desconforto nesse olhar que nos desafia à nudez, ao contato do corpo adestrado ao rito. Resistimos ao assédio porque não somos imunes à culpa, mas ele mostra a distância em que nos colocou de tudo que é real e nos fere. E permite que acreditemos ou não, estarmos à salvo. Brinca com nossa insegurança e nossas duvidas até que sejamos capazes de confiar a alma ao outro. Mas desconfie das lágrimas, pode não passar de mais fluídos, e é preciso discernimento, um pouco de racionalidade, de intuição e de entrega para descartar os venenos.


A beleza das protagonistas é mais uma cilada para a distração. A sensualidade é explícita, o sexo não, ou a intenção que pode ser tão casual quanto um romântico café na sacada.


Um filme para mulheres, onde o homem pode ser bizarro. Ou um filme para homens que não precisem perdoá-las.
Se você chegou até aqui, parta em silêncio. Ninguém saberá desta noite, ou deste quarto, ou se tudo não passou de uma fantasia consumida numa garrafa vazia sobre a cama.